Larissa e Durval moravam no mesmo prédio. Eles se conheceram logo que ela se mudou. Ela era uma menina de cabelos curtos e ele um menino que não tinha os dois dentes da frente.
Durval adorava inventar brincadeiras e se achava um cientista. Para se comunicar com Larissa arrumou um rádio.
- Alô, câmbio. Quem está na linha?
- Câmbio, aqui é Larissa. Qual a brincadeira de hoje?
- Vamos já para o laboratório. Tenho que inventar uma máquina do tempo e conto com sua ajuda.
- Estou indo.
Eles usavam uma casa abandonada como laboratório e lá juntavam cacarecos para usar nas pesquisas.
Quando a menina chegou Durval foi logo dizendo:
- Como você demorou!
- Demorei nada, você que está ansioso!
- Vamos logo, que hoje eu faço aquela máquina funcionar.
- Pega leve se não vamos botar fogo na casa velha.
No laboratório o menino trabalhava arduamente e a menina era cúmplice nas armações.
Não é que o cacareco funcionou. Eles regressaram no tempo onde o Brasil ainda não tinha sido descoberto, era o ano de 1499 só tinha mato e muitos bichos. Ficaram assustados, não sabiam que rumo tomar.
Uma flecha passou por eles e atingiu uma árvore. Olharam para trás, eram vários índios. Larissa gritou:
- Corre Durval!
- Para onde, se o matagal é enorme. Vamos ficar perdidos.
Foram capturados pelos índios. Gritavam e esperneavam, mas não teve jeito. Chegaram em uma clareira no meio da mata com várias ócas. Toda a tribo se aproximou o cacique falava em tupi guarani, mas os dois não entendiam nada.
Os dois ficaram presos em um poste feito de madeira que ficava ao centro da tribo. Todos os índios começaram a dançar em volta e também a pintar o rosto das crianças com uma semente vermelha de urucum. Trouxeram uma panela grande de pedra e fizeram uma fogueira. Larissa falou:
- Acho que vão nos cozinhar vivos!
- Claro que não, vão fazer uma festa em nossa homenagem.
- São canibais, eu li isso no livro da escola.
- Estamos fritos, temos que usar o controle remoto para acionar a máquina antes que seja tarde.
- Como fazer isso se estamos com as mãos amarradas e o aparelho está no seu bolso?
- Fique tranquila, vou dar um jeito nisso.
Durval começou a cantar e Larissa a começou a chorar.
As índias se aproximavam e começaram a cantar também. A panela estava fervendo. Desamarram os dois e estavam prontos para jogá-los dentro do caldeirão.
Durval rapidamente colocou a mão no bolso e acionou o aparelho, a máquina funcionou e regressaram.
Continua.
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