Em uma pequena casa que ficava bem perto da mata morava Rute, uma senhora tão boa que chegava a ser doce. Era uma ex-escrava que adorava as crianças, conhecedora das ervas medicinais e das rezas que curam.
Rute vivia para ajudar a todos, em sua casa existia um forno enorme feito de barro que ficava no meio do quintal e lá fazia biscoitos de polvilho e broinha de milho.
Aninha, uma menina que morava perto de Rute, sempre que podia, junto com seu irmão Sérgio, visitava a ex-escrava e a chamava de vovó.
Uma manhã Rute passou na casa de Aninha e a convidou para ir com ela buscar algumas ervas. A menina ia me perguntando:
- Vovó Rute, que mato é este que a senhora pegou?
- Hortelã.
- Para que serve?
- É muito bom para combater os vermes que ficam na barriga e fica uma delicia com abacaxi, muito refrescante.
- O que a senhora está procurando agora?
- Eu vou te mostrar, isto aqui é boldo, muito amargo.
- A senhora usa isto para quê?
- É bom para o fígado. Aninha, toda erva que eu pego eu sei como usar, não vá sair por aí fazendo chás, pois pode fazer muito mal. Remédio é bom quando o médico passa só ele que conhece a dosagem certa.
- Está bem vovó! Mas quando chegar lá em sua casa a senhora faz bolinho de chuva?
- Faço sim e também posso te contar lindas histórias.
- A senhora conta como viveu no cativeiro?
- Quando eu era escrava morava em uma senzala na fazenda do coronel Firmino. Trabalhava na casa grande e também cuidava dos meus irmãos de pele escura.
- A senhora tem algum amigo daquela época?
- Meus irmãos moram por aí, às vezes um deles vem me visitar.
A segundas feiras a casa de Rute ficava lotada. Ela conversava com todos, ouvia os problemas e aconselhava. As pessoas quando saiam da casa sentiam uma paz no coração.
Ela ajudava a todos na medita do possível, mas o que ela mais gostava era de ficar com as crianças. Ensinava sua dança, brincadeiras de roda e dizia que as crianças eram anjos de Deus.
Aquela mulher que sofreu maus tratos da escravidão e da vida tinha um olhar doce e palavras de ternura.
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